Refúgios
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Abraço ou Sorriso
O dia está infindável, lento, pastoso, tens os pensamentos em atropelos inquietos. Sentes-te quase nada, no reboliço de ti.
Hoje não estas comigo. Não sentes.
No teu olhar, tens a sombra de dias esquecidos, de anos naufragados nas águas tempestuosas de um oceano só teu, onde só tu mergulhaste, sem ajuda de mãos que te salvassem de um afogamento à vista.
Estás aqui tão perto, e também eu não te sinto! Não dominas os sentimentos que irrompem dessa nuvem espessa que carregas.
Caminhas sem traçar o rumo de um caminho que esperas há muito.
Neste dia infindável...não sentes o teu corpo, apenas o vês de longe e não o reconheces.
Mas agora queres tê-lo de volta, entrar nele disfarçada de ti, numa secreta melodia.
Descobrir nele restos de sensações julgadas perdidas...deixá-las sair, acariciar cada uma, como se nunca as tivesses conhecido.
Não sentes nada.
Ainda não sentes que há vida para lá de ti, para lá de um muro que ergues quando não te encontras
quando não sentes.
No silêncio deste nosso encontro, no olhar perdido enquanto levamos a chávena de café à boca, revemos num filme rápido, outros dias...infindáveis, lentos, pastosos.
Despedimo-nos sem abraço ou com abraço.
lágrima ou sorriso...decido tão rapidamente que já te abraço num largo sorriso.
Sentiste?
Eu senti!
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de Antoine de Saint-Exupery
" Aqueles que passam por nós,
não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si,
levam um pouco de nós."
Saint Exupery )
Saint Exupery , autor de um livro sublime "o principezinho"
que nos ensina o valor da amizade. Precisamos cativar!
A amizade não se adia, acontece!
Todos os que passam neste caminho virtual, têm já um pouco de mim. E eu de vós!
São uma vela acesa nestas noites desenfreadamente longas ...
São o aroma que deixam em mim, que perfuma o dia que anseio já...
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HOJE
Hoje nego o silêncio
afasto esta névoa de mim
o deserto árido de areias soltas
e um doce adeus às sombras caídas e tristes
vazias de Ser
Hoje reacendo no peito a labareda
de um fogo recolhido
possuído de desalento
e desperto ânsias de outras marés
Hoje quero o jardim de rosas
que habita em mim
o perfume de Sermos
no delírio de olhares de fogo
e corpos escorregadios em cetim
E no alto do meu sonho
tenho esperânças de outras noites assim
Não despertei ainda
da brisa do sonho
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Dean Martin
Sem qualquer nostalgia, apenas Dean Martin em SWAY .
Deixem-se embalar pela voz quente e firme deste homem, Hoje ao ouvir falar dele num programa de televisão reminiscências de algumas das suas melodias foram aparecendo, lá longe, alguém as trauteava...vim procurá-lo!
É este encontro breve que partilho convosco numa tarde que desta minha janela me aparece um pouco desbotada a lembrar-me de mais um final de verão.
A todos que têm em si uma janela ,uma boa tarde.
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Esta minha janela
Esta minha janela tem encantos escondidos
sombreados segredos
abertura para o outro lado de lá
onde o vento sopra os sonhos voam
Esta minha janela tem nos beirais
beijos roubados
olhares perdidos
em saudades de ti
Esta minha janela tem memórias de luares
de sons abafados e contidos
de cheiros de madressilva e hortelã
de muitas histórias inventadas
Esta minha janela tem os teus passos
sem rumo
em ecos dentro de mim
numa inquietude morna
tem a intimidade das palavras
e o desejo sereno de ti
Esta minha janela é o silêncio sagrado
o rio o mar o orvalho
é amar na madrugada
é a sombra de mim na vidraça azulada
dos relâmpagos da alma
Esta minha janela é o meu abrigo
a minha entrada secreta
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Dancemos no mundo-Sérgio Godinho
Apenas me apetece deixar aqui esta dança
dançar como amigo só
se fosse possível...
dançar sentimentos
dançar lembranças
dançar sonhos
dançar em sapatos de veludo
rodopiar na emoção da dança
dançar a vida...na vida
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A peruca do Professor
A alegria do primeiro dia de aulas, estava estampada nos risos,na correria e abraços
no atropelo das palavras a contar as brincadeiras,a praia,a mata...férias,sem livros ou cadernos
mostravam-se as tatuagens das pernas e braços e os brincos nos meninos
e um afectuoso encontro nos braços dos professores
Muito gostaria de escrever sobre este dia,há tanto para contar...
um pequenino ,que está na escola pela primeira vez,que nunca passou por uma instituição de ensino
rabiscava a folha branca,afiava os lápis novos que se previa nao existirem ao fim do dia...
Olhava os dois professores que estavam na sala de aula e a certa altura um perguntou ao menino,
"já viste o que o teu professor tem na cara?"
"tem barba,(o professor estava bem barbeado),como o meu pai"
" o teu pai tem uma barba grande?"
"tem,assim,grande"
" e então o teu professor tem uma barba grande, como a do teu pai?Mas não tem mais nada ali por baixo do nariz?"
"tem,tem uma peruca"
O professor estava bem barbeado,mas tem um bigode farto.
O menino não parece saber o que é um bigode ou a palavra
mas a resposta foi tão pura e deliciosa que não podia deixar de vos contar
Não vou agora fazer leituras precipitadas ou reflexões
mas não tenhamos dúvidas que são as crianças
que nos gestos no olhar no desenho no brincar nas palavras
nos dão a chave pata abrir o seu mundo.
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ÀS vezes é surpreendente viver
Às vezes é surpreendente viver
apesar, de tudo à nossa volta correr a uma velocidade feroz, desenfreada e alucinante
apesar de tão rara e distraidamente olharmos o nosso mundinho e quase nunca o mundo...
Às vezes é surpreendente viver
olhar, o voo rasante da gaivota, o menino que corre com o vento, agarrado ao fio do papagaio de papel colorido, sob o olhar enternecido do pai...
a areia arrefecida nos pés, avisar que o sol já se vai despedindo
o barco em descanso merecido depois da faina
E o mar...o mar, vestido de azul embrulhado em véu de noiva
Às vezes é surpreendente viver
caminhar levemente, em pezinhos de lã no tapete estreito, prateado sobre o mar, rasto seguro, que o sol já cansado nos oferece
olhar esse esconde-esconde do sol e das nuvens, numa brincadeira inocente
e o cheiro... o cheiro, é o do mar com aroma a sal
e na tela do que vemos, rabiscamos a cores ,as sensações e a paisagem vai ficando definida, quase palpável...
pintamos o entardecer numa adivinha de noite amena com lua em quarto minguante
o mar a beijar a sua eterna companheira
a brisa acariciar os sentidos
a tela em cores pastel enaltece o alaranjado quente do sol num mergulho quase quedo no leito que o acolhe.
Às vezes é surpreendente viver
já estivemos em outras telas, outras nem chagámos a pintar o fundo. Não foram!
cada tela tem o seu lugar próprio e uma moldura adequada
esta penduro-a no coração emoldurada com a ternura da alma.
E assim, na magia de um momento, tudo à nossa volta
festeja o final de um dia em inesquecível silêncio.
VER com amor e saborear
o que tantas vezes olhamos sem sentir de tão banal e rotineiro nos parecer
corremos o risco de nunca sermos surpreendidos pela beleza dos momentos
de que é feita a vida
(esta é uma opinião muito pessoal que quis partilhar com todos os que ainda sentem ter espaço para muitas telas).
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AFECTOS da LUA
Li por aí, que a lua tem influência em mim. Eu sinto que tem, dança nas palavras,sorriso doce,abraços de prata, perfume de entardecer...e o mistério da noite.
Li por aí, que tenho em mim uma lua de esperança e que espreito,já perto da noite a tua aparição.
Vens desnuda e envergonhada,em ânsias de te envolveres na volúpia do mar,que te canta e embala,em noite grávida de afectos.
Li por aí, que eras mulher a percorrer os segredos escondidos e buscavas abraços nas cores dos sonhos e nas paixões que guardas.
Em noites de qualquer lua,tenho-te em mim, presa em meus braços indiferente à inquietação dos deuses que te reclamam sua...
Li por aí, que mergulho na imensidão dos teus olhos vigilantes, espelhados de afecto que me prendem à noite na sedução do amanhecer.
Sem rumo,lado a lado,vultos entrelaçados,voamos em tuas asas ao encontro do teu feitiço, um fascínio sem volta.
Vagueio nos devaneios de ti na estranha forma de te ter, sussurrando a intimidade de amantes eternos.
Li por aí, que a lua é uma ilha, num imenso, mas desconhecido mar, onde todos os olhares se espraiam em pétalas de rosas brancas e os enamorados têm aí o agasalho secreto para as suas paixões.
São os afectos da lua